Por a 26 Abril 2022

Ampliar uma casa que tem uma personalidade vincada e uma história que a define, não é tarefa fácil. Mais ainda quando queremos marcar esse gesto, com a linguagem de um tempo que é o nosso. Como fazê-lo de uma forma harmoniosa? O gabinete TBA consegui-o neste projeto.

Projeto: TBA / Thomas Balaban Architecte / Fotografias: TBA

Localizado no bairro de Rosemont-La Petite-Patrie, em Montreal, no Canadá, o ponto de partida para este projeto foi a preservação da estrutura original e das árvores existentes no local, de forma a responder aos principais desafios de desenhar uma ampliação à estrutura pré-existente. Através de um gesto modesto, mínimo e memorável, o escritório TBA / Thomas Balaban Architecte, restaurou a continuidade das fachadas vizinhas.

Donos do imóvel já há alguns anos, os clientes queriam expandir a sua pequena casa, na zona traseira, para acolher a família em crescimento. A ideia significou criar quartos adicionais, espaços maiores e uma separação espacial entre áreas privadas e áreas sociais.

Desde o início, cliente e arquiteto compartilharam o desejo de conservar a história única do edifício existente, bem como a sua relação o espaço exterior envolvente.

Realizar a casa desejada com meios limitados foi um processo que demorou 3 anos, e que levou a uma exploração de uma variedade de opções que conciliaram necessidades e orçamento.

O projeto foi então desenvolvido passo a passo. O primeiro movimento foi o de estender a casa para a frente, de forma a que a fachada se alinhasse com as fachadas imediatas. Essa extensão, foi como que esculpida em torno de um olmo siberiano que interrompe a continuidade do alinhamento.

Este  volume adicional, que é ligado à casa original através de um corredor, contempla cozinha, casa-de-banho, arrumos e lavandaria. A parede exterior do corredor que faz a ligação, mistura-se com o volume da frente da rua, e faz uma curva que reflete bem a árvore na fachada frontal, delineando o pátio exterior, que mostra a casa original. O resultado é uma fronteira sinuosa entre interior, arquitetura, paisagem e contexto urbano.

Espaços tranquilos como o quarto e a sala, foram reorganizados dentro da estrutura original, onde janelas mais íntimas e tetos mais baixos são ideais para ambientes privativos e isolados. Os espaços familiares mais barulhentos movem-se para a frente, para o lado da rua. São amplos e abertos, pontuados pela geometria limpa das formas esculpidas (cubo e cilindro) que definem a generosa entrada. A cozinha e sala de jantar encabeçam a zona social da casa.

Foram adotadas diferentes abordagens para as estruturas nova e antiga, embora tenham sido unificadas através de linhas limpas, detalhes mínimos e uma paleta restrita assente em tons claros.

Enquanto a estrutura centenária assenta em fundações de pedra, a nova flutua no solo, apoiada em estacas para evitar danificar os sistemas radiculares das árvores. As justaposições continuam dentro de casa com texturas ásperas e suaves, e materiais quentes e resistentes complementando e jogando uns contra os outros.

Desde o início, a intenção era celebrar as qualidades da tipologia original e dar ao volume adicionado uma interpretação moderna da mesma. A leitura que se faz da rua, é a de uma fachada de tijolo, que se curva em torno de uma árvore de um lado e que é perfurada com uma entrada moderna, aberta e brilhante do outro.

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