A “Casa do sapo” é a casa de todos. Tornou-se um lugar de encontro – sapo é união -, uma casa de família, de ajuda, uma casa inclusiva, um refúgio, um lugar de descanso, uma escola, um lugar onde as crianças aprendem a nadar, onde aprendem a soltar tartarugas, a cultivar uma horta, um lugar para comer e beber mezcal, um lugar para amigos, um lugar para crescer.
- Projeto: Espacio 18 Arquitectura
- Área: 130 m²
- Ano: 2021
- Fotografias: Onnis Luque, Fabian Martinez
- Memória descritiva dos arquitetos, via Archdaily
Durante dois anos, dois meses e dois dias, o escritor americano Henry David Thoreau (1817–1862) viveu numa cabana que ele próprio construiu em Walden Pond, Massachusetts, lugar onde passou a sua infância. Num espaço de 3 x 4,5 metros, na margem do lago, Thoreau viveu como um indivíduo afastado da sociedade, em busca de inspiração, da natureza e das suas origens. A sua permanência na cabana permitiu-lhe valorizar o que é realmente essencial e necessário e o respeito pela vida, o que o conduziu numa renovação como ser humano e a lutar, mais tarde, por questões sociais – o mesmo é dizer, “é curioso como o sapo é diferente quando entra e quando sai da lagoa”.
A “Casa do sapo” começou com o objetivo de responder a um programa de necessidades através de uma postura arquitetónica que pensa sobre o contexto, a comunidade e o legado às gerações futuras. É um projeto que foi sendo alimentado durante vários anos antes, mesmo de pensar em construí-lo, um projeto que surgiu de sinais e intuições, e que pouco a pouco abriu portas e criou pontes entre pessoas que deveriam estar unidas.
A “Casa do sapo” é a casa de todos. Tornou-se um lugar de encontro – sapo é união -, uma casa de família, de ajuda, uma casa inclusiva, um refúgio, um lugar de descanso, uma escola, um espaço onde as crianças aprendem a nadar, onde aprendem a soltar tartarugas, a cultivar uma horta, um lugar para comer e beber ‘mezcal’, um lugar para amigos, um lugar para crescer. A casa de Pau e Mario.
Quando nos aproximamos dos demais e da natureza, demonstrando o respeito que um lugar merece, e a partir do momento em que comunicamos à comunidade o que sentimos sem pretensões, as pessoas abraçam e aceitam, e tal deve ser recíproco.
A casa foi desenhada pelo lugar: “Duas pedras que observam o mar ansiando pela sua intemporalidade”, a primeira vê o nascer do sol e a outra observa-o quando este se põe, onde o espaço intermediário entre as duas revela o mar, a beleza da costa de Oaxaca, e cria um espaço flexível para aqueles que ali vivem, que o configurarão de acordo com o seu modo de vida.
Para pensar a materialidade do projeto, foram fundamentais as pessoas da região e as suas habilidades de construção, assim como a contribuição ecológica e social.
No processo de construção, foram deixados ao total critério dos que ajudaram na construção da casa alguns aspetos, como resultado da pandemia que nos tocou a todos. É um projeto onde o número de pessoas envolvidas é surpreendente, e algumas delas são hoje lembramos com carinho.
A “Casa do sapo” é um projeto que acolhe e transforma, que faz olhar em redor e é pensada por quem tenta contribuir e fazer parte da comunidade.
Zapotengo (Oaxaca, México) é um paraíso que marca, que guardamos na memória; a casa é mais uma pedra na lagoa, como diz Zumthor. É um projeto como aqueles muitos mais que virão, porque, agora, as pessoas já observam em seu redor.