O mais recente projeto da arquiteta Sophie Dries é uma remodelação de um apartamento Haussmaniano, em Paris. Os clientes, um jovem casal, pediu-lhe que criasse um espaço único e contemplativo para morarem e trabalharem rodeados pela sua coleção de arte e design contemporâneo.
O apartamento com 80 metros quadrados, é composto por um hall de entrada, uma ampla sala de estar, um atelier, uma cozinha, um quarto e uma casa-de-banho. Sophie Dries optou por manter o carácter marcante da sala, levando para os restantes espaços uma linguagem arquitetónica que se caracteriza pelo diálogo.
Dries pensou os espaços de acordo com os seus eixos, criando pontos de vista sobre a coleção de obras de arte do casal, que inclui nomes como Calder, Sol Lewitt, François Morellet, Vera Molnar, Kees Visser ou Annette Messager. E ainda obras de artistas emergentes como Edgar Sarin, Vittoria Gerardi ou Paloma Proudfoot.
No que diz respeito à materialidade, Sophie Dries optou pelo aspeto cru e desprovido de ostentação, aliado a tons naturais com apontamentos de verde água.
A entrada da casa funciona como um espaço de ligação a outras divisões, mas também galeria, acolhendo peças de arte, entre elas uma peça de mobiliário icónica dos anos 90 assinada por Philippe Starck. Nesta divisão, todos as maçanetas foram substituídas pelo modelo de cerâmica de Hector Guimard.
A sala de estar, caracterizada pela luminosidade, é pontuada por mobiliário do designer holandês Valentin Loellmann e a iluminação foi desenhada especialmente para o espaço por Olivier Abry.
O contraste entre o design contemporâneo de Gaetano Pesce e os interiores do século XIX fazem-se sentir de forma especial. Sophie Dries sublinha o sofá de veludo verde água, de frente para a mesa de centro em madeira maciça de Max Lamb, e o banco vintage em metal laqueado dourado de Philippe Starck, em diálogo com a lareira de mármore do período Haussmaniano.
O espaço de trabalho da proprietária – designer de moda com uma paixão por cerâmica -, é também uma zona de leitura. A lareira, inspirada no trabalho de Diego Giacometti e Valentine Schelgel, foi feita à mão em gesso, criando formas orgânicas. Uma mesa vintage com luminárias industriais de metal da autoria de Charlottte Perriand compõem o espaço.
No quarto, as prateleiras são de carvalho maciço feitas à mão nos Alpes franceses. Iluminada por uma lâmpada suspensa “light object 017” de Naama Hofman, a cama minimalista está disposta numa atmosfera wabi-sabi e uma aguarela de Giuilia Andreani foi colocada em exibição.
A casa de banho de linhas orgânicas e minimalistas foi inspirada nas ilhas gregas. Dries optou pelo betão polido em contraste com detalhes em latão e por luminárias e torneiras Vola.
Na cozinha, a opção foi a nogueira americana. Uma nota especial para o revestimento em latão, feito por medida, que passou semanas enterrado no jardim de uma abadia, sofrendo alterações causadas pelo solo, pela chuva e pelo meio ambiente, que lhe criaram um padrão único.