Este apartamento faz parte de um edifício “gaioleiro”, uma tipologia típica da cidade de Lisboa no período entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX.
Mobiliário: Martin Blanchard / Projeto: Aurora Arquitectos / Fotografia: Do Mal o Menos / segundo a memória descritiva dos arquitetos
São lotes compridos, estreitos, mal iluminados e ventilados. Tentou-se contrariar esta condição, abrindo janelas entre espaços e criando novos ângulos de visão, deixando o olhar e a luz atravessar os espaços.
Antes de acrescentar mais uma camada a este apartamento tornou-se vital começar por uma acção de limpeza.
Descobrir o teto por baixo do teto falso, o pavimento original por baixo do atual, retirar camadas sobre camadas de revestimentos da casa de banho e abrir a varanda sobre o saguão, permitindo que a casa ganhe mais luz, pé direito e espaço.
O projeto passou então para uma escala de maior detalhe. O programa é redistribuído, com os quartos a ocupar agora a frente do apartamento, com vista sobre as árvores do jardim e a sala atrás, com vista sobre o rio.
Alarga-se a cozinha e promove-se a ligação desta com a sala, cria-se uma nova casa de banho que se funde com o closet, introduzem-se roupeiros, intensifica-se a relação com o extenso corredor e equilibram-se as áreas dos quartos.
Solidifica-se assim o diálogo entre o que se acrescenta e o que já existia, entre o que terão sido as necessidades de outros tempos e os desejos de agora, entre as técnicas construtivas antigas e atuais.