Por a 5 Maio 2020

O apartamento JB foi alvo de uma completa reforma, levada a cabo pelo Estúdio Boscardin Corsi, num edifício de apartamentos em Curitiba, cidade do sul do Brasil.

Fotografia: Eduardo Macarios / Projeto: Estúdio Boscardin Corsi

O Edifício Continental é uma relíquia modernista em Curitiba. A vista da cidade e a luz natural que invade todo aquele plano de vidro foi surpreendente logo ao primeiro olhar: existia algo a mais entre aquelas paredes. A história do apartamento merecia ser recontada, já que o imóvel encontrava-se deteriorado no momento da compra. Coube a tarefa ao coletivo de aquitetos Estúdio Boscardin Corsi.

Com uma arquitetura moderna, a estrutura é externa ao edifício, e a planta é livre – sem vigas e pilares internos, as paredes não exercem função estrutural, dando, assim, liberdade criativa no posicionamento das divisórias.

A proposta inerente à reforma deste apartamento está em linha com o revivalismo dos conceitos modernistas: valorizar as relações com o meio externo, dar prioridade às formas simples e geométricas, livres de muitas ornamentações, e manter os ambientes integrados e fluídos.

A planta do apartamento foi reformulada em relação ao preexistente – com divisórias em alvenaria, paredes curvas e degraus executados em madeira, foi resgatado para atender às necessidades funcionais e estéticas.

Procurando o equilíbrio entre o moderno e a atualização para a arquitetura contemporânea, o projeto desta casa deu origem a uma base atemporal, com o uso de materiais novos e tecnologia, misturando revestimentos neutros e criando contrastes entre as peças de design brasileiro atuais e as peças clássicas do design modernista.

O conceito é o da integração espacial com o recursos à uniformidade de cores e materiais. O tom branco, o cimento, a madeira maciça Sucupira e o mármore italiano Carrara Gióia, aparecem de forma repetida e contrastam entre si, sendo o branco, frio e a madeira, quente e aconchegante.

As paredes, que parecem flutuar a partir do chão, o rodapé invertido, as portas pretas criam interrupções e recortes nos planos brancos.

Sempre com desenhos puros e monolíticos, os móveis desenhados sob medida formam a base dos ambientes, sem ressaltos.

Esta lógica é apenas quebrada com a escolha precisa do mobiliário, com apelo ao design brasileiro da atualidade em equilíbrio com as peças clássicas e de valor afetivo.

São diferentes as tonalidades nos acabamentos da madeira e na tipologia e cores dos tecidos.

Sobre o mobiliário: mesa de jantar Dinn, poltrona Isa, poltrona Mad, poltrona e pufe Dora, em veludo verde, dupla de poltronas Edda, banco Matriz, mesas de apoio Jardim, todos estes do renomado designer Jader Almeida. O buffet Folhas, na sala de jantar e o Buffet Blocos, da sala de estar com TV, são ambos do designer Leandro Garcia. Cadeiras da mesa de jantar Helga, Estudiobola.

As peças de design atemporais, exemplares do modernismo no mobiliário: poltrona Paulistano, Paulo Mendes da Rocha, recamier Barcelona, de Mies Van der Rohe, mesa Saarinen, cadeira DCW, Charles and Ray Eames, cadeira Zig Zag, Gerrit Rietveld, banco Time Life, Charles Eames, no escritório a cadeira Wishbone, Hans Wegner e na sala íntima a poltrona e pufe Charles Eames.

Os ambientes usufruem do projeto de iluminação, com vários tipos de luminárias, de teto, de pele, de parede, algumas com iluminação indireta e outras direcionadas e articuladas.

As peças da Iluminar, empresa brasileira, são brancas e, na sua maioria, discretas, quase impercetíveis. Peças especiais ganham destaque em acabamento preto, como as luminárias de chão Lua e Suit Dobra, ambas da Dsgnselo, que é laboratório de luminárias em processos artesanais exclusivos.

A Lua tem a sua esfera central giratória, permitindo controlar a intensidade da iluminação ao mesmo tempo simula o ciclo lunar. O candeeiro de suspensão da sala de jantar é o Jabuticaba, de Ana Neute, uma peça suave, que, com as suas esferas, quebra a linearidade da mesa de jantar.

Outras luminárias refletem as ideias modernistas para o projeto do apartamento. Na sala de estar temos a luminária de parede Mantis, BS2, do designer Bernard Schottlander, de 1951.

Já na sala de jantar, o charme da 265, da Flos, uma luminária de parede articulada e direcionada, com design de Paolo Rizzatto nos anos de 1960, sobressai com o seu metal pintado e toda a influência Bauhaus inerente. Hoje, o apartamento respira a simplicidade e suavidade aprendida nas lições do modernismo e encanta com a originalidade dos ambientes contemporâneos.

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