O atelier Extra Medium, de Timothee Mercier, assina o projeto de reconstrução desta antiga casa de campo, que é a dos seus pais. Todos os cuidados foram poucos para respeitar a envolvente, os processos de fabrico e métodos artesanais.
Localização: França /Fotografia: Simone Bossi /Ano: 2016-2019
Texto: segundo a memória descritiva
“A minha família comprou umas terras na região de Vaucluse, ao sul de França, no início dos anos 2000. Naquela altura, apenas existia uma pequena casa de quinta, rodeada de floresta, e até essa havia praticamente desaparecido, havia mais de uma década, desvanecendo-se confortavelmente na paisagem”, conta Timothee, do atelier Extra Medium.
“Quando os meus pais me abordaram com a ideia de reconstruir a casa, estávamos sentados à frente da estrutura em ruínas. Mesmo naquele estado, o edifício continuava a ter algo de suave, como um ‘reminder’ das qualidades da sua envolvente. Já não era a primeira vez que falávamos sobre o projeto, mas o momento não fora o certo. Naquele verão, e ao longo dos dois anos que se seguiram, trabalhei na casa de modo a devolver-lhe a vida – impregnando-a com as qualidades monásticas que tornam este vale tão especial”.
O lugar, em si, é muito íntimo. A casa fica na base de uma pequena colina coberta de árvores, no meio do campo francês. Conforme o verão chega, a casa fica progressivamente aninhada na floresta, sem nunca perder a vista da vinha, abaixo.
A estrutura existente foi cuidadosamente desmembrada em fases. A pegada e o envelope foram revistos, mas mantiveram-se muito de acordo com as proporções da antiga casa de quinta. Mais do que uma simples reconstrução, esta casa foi imaginada como uma renovação, enfatizando as suas peculiaridades e dando voz a um trabalho artesanal, cuidadoso.
“Inspirados pela arquitetura circundante, ampliámos essas referências. Por exemplo, a maioria das paredes é decorada com “chaux”, um gesso local que deixa a superfície com textura e irregular. O trabalho de madeira dentro da casa foi desenhado e foi quase inteiramente esculpido em carvalho de origem regional. As telhas são “tuiles anciennes”, com mais de 30 anos, variando de verde a vermelho”.