Fotografia: Andrew Pogue
A família que aqui habita queria uma espécie de ‘zona reservada’ para reunir toda a família – filhos e netos – numa paisagem densamente florestada de onde se podem observar os pássaros – uma das duas paixões – e estar em contacto direto com a Natureza – outra das suas atividades favoritas.
Projetadas para uma família entusiasta da observação de pássaros, este grupo de pequenas cabanas aninham-se, escondidas na floresta, com vista para o Canal de Washington. A residência Hood Cliff está localizada no topo de um penhasco, num local arborizado, na costa ocidental de Hood Canal.
“Ávidos observadores de pássaros e naturalistas, os clientes queriam um refúgio para a família, que os mergulhasse no silêncio da floresta e captasse a delicada luz do sol de Washington e as vistas para Hood Canal e as montanhas, a oeste”, diz o arquiteto Matt Wittman .
Construída em 1962, a cabana original, de cedro escuro e opaco, já não cumpria as suas funções, como tal os clientes ambicionavam um refúgio ‘ao ar livre’, que lhes permitisse ficar mais perto da natureza; o programa da casa teria de compreender um plano aberto, com três quartos e outras acomodações. O projeto assenta assim em três volumes: 1) A área da cabana original, 2) a adição da nova cabana e 3) um novo volume com WC, ao norte.
Com formação nas áreas da hidrologia e silvicultura (e com um profundo amor por árvores, solos e a riqueza do mundo natural), os clientes gostam da fotografia da vida selvagem, e somam várias viagens pelo mundo fora, para capar imagens de pássaros e outros animais nos seus habitats nativos.
Os filhos, já adultos, são cientistas a área dos recursos naturais e passam grande parte do tempo profundamente envolvidos com o exterior. Com a família dispersa, um pouco por vários pontos do país, o objetivo era reunir todos num só lugar. A visão era, por isso, um refúgio onde a família poderia reunir-se e celebrar a sua paixão pelo ar livre e estar em contacto direto com a flora e fauna nativas de Hood Canal.
Neste refúgio, a partir do qual podem observar pássaros e apreciar a natureza do Canal Hood, a arquitetura moderna destaca-se num edifício que não é excessivamente expressivo – o pedido havia sido um conjunto de estruturas simples. O arquiteto alinhou na ideia, até porque é conhecida a sua ligação às estruturas vernaculares simples da sua infância rural, numa quinta no norte de Idaho.
Os três volumes de um só nível, com grandes aberturas de vidro, portas de correr e deques contínuos permitem esta união com a natureza.
Hood Cliff procura um relacionamento com o solo, com os elementos da natureza. Vigas recuperadas e as madeiras da cabana original foram reposicionados como bancadas e revestimentos no interior. Detalhes simples e uma paleta de materiais igualmente simples cumpriram o orçamento de construção, que teria de ser reservado. Na casa principal, a cozinha tem uma porta de vidro que, quando totalmente aberta, prolonga a bancada de trabalho até ao balcão de cimento, lá fora, e à churrasqueira.
“Procurámos dissolver as barreiras entre o interior e o exterior, entre a floresta, o jardim e a estrutura”, diz Wittman. A luz do sol aquece as paredes e os tetos de madeira compensada, ‘bem como o cimento, permitindo que sombra e luz transformem o interior em algo mais complexo e sutil.
Há uma cama embutida Murphy que permite que a casa principal seja uma área de dormir flexível, quando necessário.
Uma banheira de ferro fundido recuperada da casa de banho preexistente dá a sensação de imersão ao ar livre sem interromper os momentos de repouso.
O retiro é uma expressão do “modernismo táctil” de Wittman Estes, ligando a família às sensações e experiências físicas do ecossistema de sons de Puget num lugar bonito, funcional e construído para o desfrute sustentável a longo prazo da família que ama a natureza.
Equipa de design da Wittman Estes: Matt Wittman AIA LEED AP, Jody Estes, Naomi Javanifard e Erica Munson
Projeto: Wittman Estes Architecture + Landscape
Engenheiro Estrutural: Strongworks Structural
Construtor: Jack Colgrove Construction
Fotografia: Andrew Pogue