Arquitetura, design, artesanato e a estreita colaboração com as indústrias do seu país de origem, o Brasil, estão na base dos projetos desenvolvidos pelo fundador de Giácomo Tomazzi Studio.
Isabel Figueiredo / Imagens cedidas
Estudou arquitetura e urbanismo na UFSC e design industrial na Universidade do Estado de Santa Catarina. Em 2005, trocou Florianópolis, no Sul do Brasil, por São Paulo, trabalhando com projetos de arquitetura residencial e comercial em escritórios da cidade. Em 2011, Giácomo Tomazzi abriu o seu próprio estúdio, onde desenvolve projetos de autor e, posteriormente, iniciou colaborações com empresas do setor mobiliário. Giácomo Tomazzi, na primeira pessoa, em entrevista exclusiva à Urbana.
Quais os primeiros trabalhos executados e o que foi, na época, a sua base de inspiração?
Paralelamente ao exercício da profissão de arquiteto, fui desenvolvendo pequenos móveis ou participando em concursos, ambos como exercício do fazer design, sem grandes pretensões. Fui aprofundando o meu conhecimento no assunto, lendo livros e revistas especializadas, conversando com designers e lojistas, pesquisando sobre o mercado e, aos poucos, fui ganhando repertório e conhecimento.
As minhas primeiras peças foram experiências, em colaboração com pequenos produtores ou produzidas por mim, de modo artesanal. Inspirei-me muito no improviso e em elementos da cultura popular. Anos depois participei numa feira de design, criando móveis inspirados na arquitetura moderna brasileira.
Quais os materiais privilegiados atualmente?
Não me fixo a um material específico, no ano passado lancei uma coleção em argila e este ano vou lançar móveis executados com pedras brasileiras. Para a indústria, geralmente, trabalho na combinação de metal + madeira + couro ou vidro.
Um projeto no horizonte
Consolidar parcerias com empresas brasileiras com quem venho colaborando e trabalhando, e explorar o mercado americano e português, uma porta de entrada para a Europa, e já ter peças na Casa Pau Brasil (Lisboa e Cascais).
OLHO VIVO
Os tapetes: Os trabalhos de arquitetos e artistas modernistas é o ponto de partida para o desenho da coleção Modernista, desenvolvidos pela empresa By Kami (2017), com o material Revolution® , efeito com uma trama sintética, agradável ao toque e com ótimo isolamento termo-acústico.
A montagem das peças é artesanal, permitindo múltiplas composições. Para esta coleção, os tapetes exibem formas orgânicas e escultóricas, com o princípio de criar elementos flutuantes, soltos no espaço, sendo ao mesmo tempo decorativos, funcionais e transmitindo uma sensação de leveza. Para uso em halls, salas de estar, jantar, quartos, escritórios, terraços, lojas, suítes de hotel entre outros ambientes internos e externos. A coleção é composta por 3 tapetes com o uso de uma sequência de sobretons e uma cor de destaque.
O bar: Da mesma coleção, esta peça, composta por uma caixa de vidro incolor bronze, estrutura em latão polido, portas em vidro laminado canelado e puxadores redondos em vidro bronze, exibe um desenho orgânico e “sangra” os limites da caixa. É um resgate dos móveis tipicamente destinados para guardar bebidas, copos, louças e outros objetos para jantar, acordando uma memória afetiva pelo uso de materiais e peças comuns nas casas brasileiras de outrora.
Poltrona: Depois dos projetos apresentados na MADE 2017, segue-se MADE 2018 inspirado no movimento modernista paulistano para a produção das novas peças, reverência aos principais projetos da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi.
As matérias-primas são nobres e duráveis, como couro, latão, mármore e madeira e a produção mescla os processos industriais e artesanais.
Com forte influência nos projetos de mobiliário de Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha e Flávio de Carvalho esta poltrona possui em sentar baixo e relaxado. O círculo de 90cm de diâmetro confere uma força estética de extrema leveza e purismo geométrico. Estrutura em tubo metálico com pintura eletrostática na cor preto e pés em latão, assento em couro sola e almofada de cabeça em pele de ovelha.
❝O encosto de cabeça é uma peça solta da poltrona, sendo apoiada somente por uma tira de couro e um peso de latão para regular a altura. Leve, é fácil de transportar
Mesas: Produzidas pela Vermeil, resgatam as formas lúdicas e orgânicas utilizadas por Burle Marx nos seus projetos paisagísticos, as linhas sinuosas que Niemeyer usou no projeto da sua residência (Casa das Canoas), a leveza e beleza dos elementos do Instituto Moreira Salles, projeto de Olavo Redig de Campos, os traços leves e fluídos dos painéis de Portinari, entre outros.
A diversidade cultura do Brasil é representada pelo contraste de materiais e texturas como os diversos tipos de madeira e pintura em laca, metal (latão polido) e vidro (incolor e bronze). Podem ser usadas separadamente ou em conjunto em composições aleatórias e mutáveis.