Por a 26 Março 2020

Foi a casa de uma aia da rainha. Mudam-se os tempos recriam-se os espaços. A teoria do “less is more” aplica-se aqui por vontade do dono da casa que preferiu uma decoração que deixa respirar a arquitetura

Texto: Marta Lucena / Fotografia: José Manuel Ferrão

No séc. XVIII, era nesta casa em Belém perto do Palácio Real que vivia uma aia da rainha. Mudam-se os tempos, recriam-se os espaços. “Quando encontrámos esta casa foi paixão à primeira vista. Estava inabitável mas rapidamente percebemos o seu potencial, pela luz natural, amplitude dos espaços, pé direito alto e nobreza dos materiais”. O projeto de reabilitação arquitetónica que lhe conferiu uma nova vida, é do Arquiteto Bernardo Bugalho e da Designer de Interiores, Francisca Lima Mayer – a dupla que forma o Atelier Francisca Lima Mayer Design, conhecidos por serem criativos e utilizarem a reciclagem como forma de dar um “new-look” a cada casa.

 “A principal preocupação foi respeitar o património e destacar os seus elementos singulares numa abordagem “less is more“. Depois de umas obras gerais, a casa ficou prática e funcional. Foram restaurados estuques, madeiras, azulejaria, cantarias de lioz pombalina e pintura decorativa. A opção do branco como cor dominante e pano de fundo, prende-se com uma vontade de neutralização de elementos e enfoque naquilo que caracteriza a casa: os seus únicos painéis de azulejos e tetos pintados em tela originais do séc.XVIII. Elementos neutros, cores suaves, texturas naturais e orgânicas (tronco de madeira das Flores do Cabo), peças de design (como a lareira) e arte contemporânea (escultura de Pedro Ramos) foram escolhas pensadas que deixam respirar e evidenciar a arquitetura e que convivem em harmonia com peças antigas e memórias de viagens. É clara a atitude de transgressão do convencional e do clássico.

Tudo se espalha pelas várias salas flexíveis que se adaptam ao quotidiano familiar, com diferentes corners que induzem diferentes vivências. A sala de televisão, por exemplo, é um espaço 100% relax e confortável, onde a chaise-longue gigante convida a bons momentos de cinema e leitura. A casa de jantar tem as paredes forradas até meio com azulejos que fazem a decoração juntamente com uma instalação feita pelo dono da casa com caixas de vinho. A cozinha original foi preservada e adaptada aos dias de hoje. O pavimento é o original tal como as pedras de cantaria de lioz e os azulejos vidrados.

A biblioteca é no mínimo sui géneris. Era preciso espaço para arrumar livros que foi encontrado numa antiga escada inutilizada – o efeito é único de colorido e funcionalidade!

O passado trazido para o presente, mistura de estilos, serenidade e autenticidade… numa casa em Belém.

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