Por a 17 Março 2020

Uma carta branca com pinceladas de azul. Foi desta forma que Nuno Pestana recebeu o briefing para este projeto no centro da capital.

Fotografia: Paulo Lima / Texto: Mafalda Galamas

A total confiança depositada no arquiteto Nuno Pestana deixa antever que não seria o primeiro projeto assinado para este cliente. A satisfação com que saíra de experiências anteriores permitiram esta passagem de chave quase de venda nos olhos. A única premissa seria… conter o tom de azul! O arquiteto não defraudou a confiança em si depositada e embrulhado num cinza suave encontramos, sem margem para dúvidas, a presença desta cor de serenidade e harmonia.

O T3 distribuído por 69m2  passou por um processo de recuperação integral, assinado pelo ateliê Alçado Versátil. Foi desenhado um novo layout das divisões, como forma de ampliar os espaços e Nuno Pestana fez questão de manter ao máximo as características originais da habitação. Tetos trabalhados, portadas de madeira, portas, guarnições e, claro… a gaiola pombalina, são alguns dos exemplos mais evidentes.

Ao entrarmos no apartamento somos convidados a instalar-nos nesta sala que se funde com a cozinha, ou vice-versa. A parede a meio, entretanto derrubada, permitiu criar uma zona de estar com continuidade, sem divisões físicas, que apenas escureceriam o espaço. Hoje, a sala é confortável e embora se situe no meio do imóvel goza da luz natural potenciada pela janela de sacada da cozinha.

O ambiente é sofisticado, o sofá de veludo azul escuro foi desenhado pelo ateliê, os tapetes são persas e os espelhos na parede vão buscar os tons naturais da gaiola pombalina. Esta serve, na verdade, de separação com a zona de circulação que vai dar às instalações sanitárias. Junto às quais está a consola de estilo industrial decorada com peças dos proprietários, trazidas das suas viagens, como é o caso dos pequenos budas.

As mesinhas de centro, com pés dourados e tampos de vidro pintado com efeito mármore foram adquiridas na Maison & Objet. Embora mais clássicas e sofisticadas combinam com as mesinhas industriais de apoio ao sofá, uma dourada, outra prateada, e outra de cobre.

A mesa de jantar, de nogueira nórdica, entra já na zona reservada à cozinha. Porém, a opção de Nuno Pestana em escolher cadeiras de tecido, idênticas ao sofá, faz com que o espaço se distancie dos habituais ambientes frios das cozinhas. Os armários lacados de cor cinza e com bancada em mármore Extremoz ajudam ao resultado acolhedor.

Também no ‘master bedroom’ Nuno Pestana desenhou os armários com acabamento azul navy. Foi a forma encontrada para se diluírem discretamente com a parede de fundo azul, forrada a papel com penas da Henrique e Rodrigues. Os espelhos são asiáticos e a iluminação de estilo industrial.

Ao lado, situam-se os restantes quartos da habitação. Um mais suave, em tons de branco, com espelhos marroquinos e mesinhas de cabeceira asiáticas onde assentam os magníficos candeeiros de cerâmica com efeito mármore.

No último quarto, com camas individuais para receber os sobrinhos do casal, há a destacar o anjo dourado emoldurado na parede. Foi trazido de Paris numa das suas viagens e serviram de réplica para os magníficos gessos trabalhados que vemos no teto, em forma de anjo.

O quadro na cabeceira de cama é uma serigrafia de Luc Brévart, pertença dos proprietários, tal como as restantes obras de Cruzeiro Seixas e Júlio Pomar que encontramos no apartamento.

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