Os clientes já detinham a propriedade há vários anos. Conhecem bem e admiram as suas características variadas mas procuravam um projeto sustentável e sensível ao local que preservasse a sua topografia, vegetação e entorno natural. Projeto de Paul Bernier.
Localização: Lac Grenier, Ville D’Estérel, Québec / Arquitetura: Paul Bernier
Fotógrafo: Adrien Williams
O lugar, situado à beira do lago, é totalmente arborizado. É atravessado por um riacho, a sul e tem um declive íngreme a norte. Estas características e a necessidade de construir à distância do riacho sugeriam um posicionamento longitudinal, com a casa escorregando entre o riacho e o declive.
Escolhemos criar um edifício de baixo perfil, principalmente de um andar. A sua forma sinuosa é determinada pelas oportunidades oferecidas pela paisagem circundante. A estrutura curva-se, abre-se e estreita-se como um rio que traça o seu próprio caminho.
A forma é revestida num único material, com ripas de cedro verticais de largura e espessura variáveis. A proteção contra intempéries é garantida por baixo das ripas espaçadas, que escondem as extremidades de gotejamento e entalhe geralmente visíveis no exterior de estruturas tradicionais de madeira. A superfície, ao contrário, parece uma paliçada que segue a forma do edifício e na qual as aberturas foram cortadas.
Do caminho que leva à entrada, o edifício surge como um volume predominantemente opaco que segue os contornos do lugar.
A garagem está escondida do olhar. À direita, uma abertura na paliçada convida os visitantes a entrar. Ao longo da fachada sul, o volume da casa curva-se e e abre-se para deixar entrar a luz e aproveitar ao máximo a vista da floresta.
Mais adiante, o volume curva-se novamente, voltando-se para uma abertura na floresta que oferece uma visão do riacho que flui para o lago. No lado norte, aberturas mais pequenas enquadram as perspectivas da paisagem circundante e permitem que os ocupantes da casa aproveitem o murmúrio suave do riacho, que ainda corre sobre a propriedade. No topo do telhado, um pequeno quarto semelhante a uma árvore olha para a vegetação circundante.
Com o tempo, à medida que as ripas de cedro se desbotam e as árvores e a cobertura do solo voltam a crescer em torno do edifício, a arquitetura e a natureza fundem-se. A natureza também é convidada a cobrir o próprio edifício, graças ao seu telhado verde. Assim, a estrutura irá, ao longo do tempo, misturar-se ao ambiente natural.
No interior, os visitantes são recebidos por um grande volume de madeira nogueira, que também assume a função de assento e é espaço privilegiado para arrumar casacos. Este volume direciona o visitante para a zona de estar, uma grande sala generosamente iluminada que culmina numa outra, com vista para a foz do riacho e do lago.
No lado sul, a parede externa abre caminho para uma grande superfície envidraçada que se abre para a floresta. Durante o verão, as árvores, como o telhado verde, criam uma tela natural para proteger a casa do calor. No inverno, quando as folhas caem, a luz do sol penetra na floresta e inunda o espaço com calor e luz.
Os materiais utilizados para as superfícies são simples e refinados. As paredes brancas e o chão de cimento polido contrastam com o ambiente natural acidentado, permitindo que a paisagem exterior seja o centro das atenções.
A grande área aberta é ocupada por três massas de madeira. Estes volumes estão dispostos ao longo de um eixo, que desenha uma seqeência de espaços que compõem a área de estar. Feitas de nogueira, estas unidades embutidas incluem espaços de arrumação e a bancada na entrada, a ilha de cozinha e um armário de sistema de som e televisão. 
As suas funções são pouco legíveis, permitindo que permaneçam tão abstratas quanto possível, a fim de enfatizar apenas a sua forma material e o relacionamento entre si. A ilha da cozinha fica ao centro do espaço, oferecendo uma vista panorâmica da paisagem circundante.
O volume embutido na entrada também protege as áreas mais privadas da casa. Escondido atrás da ampla estrutura de madeira está o acesso para os quartos, bem como a escada que leva à sala de leitura no topo do telhado verde. No andar de cima, o espaço com painéis de madeira oferece um retiro tranquilo do resto da casa.




