Localizado em Lisboa, numa das suas zonas mais nobres, o apartamento caracteriza-se pela memória histórica da arquitetura pombalina preservada na abordagem contemporânea do design de interiores definido por Cristina Jorge de Carvalho.
Fotografia: FAD
A cliente, uma executiva de sucesso, pedia ambientes que consolidassem as suas preferências, necessidades e estilo de vida. Até memórias. Como tal, o projeto assenta numa estética feminina e eclética muito bem conseguidas.
Coube à arquiteta e designer de interiores Cristina Jorge de Carvalho (CJC) conduzir esse desafio com toda a sensibilidade que só uma mulher tem, refletindo no apartamento de traça pombalina com 125m² o estilo de vida cosmopolita da sua cliente.
O estilo arquitetónico do edifício foi o ponto de partida para a inspiração da decoração, sustentado pelos gostos e necessidades pessoais de quem o habita.
Além da arquitetura de interiores, Cristina Jorge de Carvalho é responsável pelo design de grande parte do mobiliário. É ainda da sua autoria a seleção das obras de arte e das peças de design que integram este espaço, imprimindo, mais uma vez, uma nota de distinção e ecletismo.
Na sala de estar, a harmonia está bem visível nas cores e materiais eleitos bem como na escolha de alguns objetos e peças vintage, em franco diálogo com clássicos do design. As paredes vestem-se de um rosa velho muito suave, quebrado pela obra de arte do artista João Louro, na parede principal. Longas cortinas em linho branco dão ao espaço o conforto e luz necessários.
A sensação desejada de intemporalidade e de uma casa do mundo, sem perder a sua identidade, está assim bem patente neste ambiente, e ponto fulcral da casa. Artefactos tribais, como o tapete berbere marroquino e o banco em madeira em madeira escura, convivem sem choques com as peças projetadas pela arquiteta – caso dos sofás, da estante de ferro e da mesa de centro em espelho, e outras vintage como o cadeirão beije, os candeeiros de pé – e com as obras de arte.
Na zona de refeições, a mesa lacada ‘Oh Table’, com design assinado por CJC, é suportada pelo conjunto de cadeiras originais Charles & Ray Eames, e outras dos anos 1950, estofadas com tecido Manuel Canovas.
O quarto obedece ao mesmo princípio de ecletismo e feminilidade, e exibe uma paleta de cores suaves, para um ambiente de muita serenidade. Mais clássico, exibe um verde água nas paredes em equilíbrio com a cama e o banco, elementos centrais, réplicas do estilo Louis XV, lacados e estofados em linho, capitoné. As mesas de cabeceira diferem uma da outra, uma nota algo irreverente – uma é Eileen Gray, em vidro, e outra tem design de CJC. Os apontamentos de cor surgem em pequenos elementos como as almofadas com pássaros em tecido Etro, o candeeiro de mesa vintage rosa e o quadro de Paulo Damião.
A cozinha, por seu turno, tem no preto a cor dominante e exibe-se acima de tudo funcional, com linhas direitas, muito clean. O lustre de cristal e o conjunto de chá prateado são apenas alguns exemplos do charme e personalidade do espaço, refletindo mais uma vez a elegância e o gosto da proprietária.
O passado encontra o presente, nesta pequena casa cheia de charme, de onde não apetece sair.