Casa dos Pescadores

O pedido original destinava-se a uma instalação de pescadores composta por 20 espaços de trabalho. Mas depois de uma análise aprofundada do local, da sua história e das necessidades do município, o atelier BuzzoSpinelli Architecture propôs melhorar o programa adicionando uma área de vendas e um espaço urbano.

Mais do que apenas uma instalação para os pescadores, o projeto L’OrtuDuzzi acrescentou um novo capítulo à história de Bonifácio (Itália), com o seu material e os seus jardins endémicos, proposta do atelier responsável.
Os jardins, com as suas águas de nascente, ideais para vegetação, revelam um lugar tranquilo para transmitir habilidades ancestrais. Aninhado junto a um penhasco de calcário, num espaço aberto, a corporação de pescadores decidiu mergulhar no porto lembrando-nos que Bonifacio pertence ao mar.

O edifício molda o penhasco e se espalha ao longo do terreno. Ela abrange toda a área gerando um projeto urbano e arquitetônico.

E porque se ergue contra a falésia, o projeto oferece uma grande esplanada ligada ao próprio edifício através de áreas externas projetadas. Desta forma, arranjos de rede, vendas em leilão e trabalhos de pescadores ocupam a costa, trazendo de volta à vida estas práticas de vida de outrora.

Envolto pela bela mineralogia da área, a construção pretende ser tosca no seu contexto. A escolha do cimento fundido difunde orgulhosamente este objetivo. Estas construções horizontais de cimento, juntamente com as linhas de estores deslizantes, ecoam as camadas de calcário por trás delas.

As ardósias de madeira em tons sol dourado horizontais animam a elevação do edifício, dando um efeito cinético, bem como um olhar de convés. O primeiro andar é projetado como um miradouro onde as espécies de plantas da zona tomam conta do terraço criando um espaço encantador para o convívio e a patilha.

Sobre os arquitetos
BuzzoSpinelli Architecture é um coletivo de arquitetura criado em 2014 por Isabelle Buzzo e Jean-Philippe Spinelli, ambos graduadas pela ENSA – Ecole Nationale Supérieure d’Architecture em Marselha. Operando entre e Bonifacio, os arquitetos escolheram fazer malabarismos entre o grande bulício da cidade e o silêncio selvagem da ilha, abraçando arquitetura, urbanismo e paisagismo, e em escalas muito diversificadas.
A sua abordagem oferece a cada projeto uma solução resultante de um compromisso pessoal e sensível a um determinado contexto. A prática arquitetural dos arquitetos é animada por uma vontade de tocar.