Por a 1 Março 2022

Elevada por grandes treliças em madeira e fazendo lembrar uma tenda, a Casa Hara foi pensada para ser capaz de revitalizar as demais construções existentes, e fortalecer o sentido de comunidade. O interior vazio e indefinido, incentiva a inventar diferentes maneiras criativas de utilizar o espaço; promovendo a apropriação desta estrutura de diversas formas e não apenas como uma casa. 

Arquitetura: Takeru Shoji Architects / Fotografia: Isamu Murai e Shinkenchiku-Sha / Localização: Niigata, Japão / Tipo: Remodelação

Localizada numa vila agrícola da cidade de Nagaoka, na província de Niigata, na costa noroeste da ilha de Honshu, a maior do Japão, a Casa Hara surgiu como um anexo a uma série de pequenas estruturas pré-existentes como a casa dos pais do proprietário, armazéns e outros edifícios menores.

Contam os arquitetos que, considerando que a maioria das necessidades básicas da família já estavam contempladas, o projeto foi o de criar uma estrutura capaz de revitalizar as demais construções existentes no local, e de forma complementar, ser flexível o suficiente para poder adaptar-se a novas funções que pudessem surgir no futuro.

“Demos início ao projeto considerando construir este pequeno edifício como uma extensão remota e ‘incompleta’ da casa existente. Com isso em mente, o edifício foi concebido como uma estrutura anexa às construções vizinhas e portanto, dependente delas para a sua perfeita operação e funcionamento. Desta maneira, toda a pequena vila acaba por funcionar de forma complementar, fortalecendo o sentido de comunidade”, contam os arquitetos.

Muita da inspiração foi bebida nos edifícios vizinhos, como armazéns construídos em estruturas de madeira. O resultado foi uma estrutura rígida, porém flexível, capaz de acolher todos os diferentes programas a que se proponha. No projeto da Casa Hara, foram eliminados todos os espaços comuns de armazenamento, e dentro do possível, todas as zonas privadas. Como consequência desse gesto, o interior foi transformado num amplo espaço contínuo e aberto, o qual pode ser adaptado de acordo com as necessidades específicas de quem habita. Pensando nisso, o edifício foi conscientemente concebido para ser dependente das demais estruturas pré-existentes, criando uma relação simbiótica que promove o uso da arquitetura existente.

O objetivo, era o de criar um ambiente acolhedor para a vida em familia. Um espaço integrado a uma estrutura maior, e que ao depender dela, fortalecesse a interação entre as estruturas existentes; um conjunto coeso de pequenas estruturas familiares.

O interior vazio e indefinido, incentiva a inventar diferentes maneiras criativas de utilizar o espaço; promovendo a apropriação desta estrutura de diversas formas e não apenas como uma casa. Com isso, prevemos que a imprecisão deste espaço sirva para promover novas formas de utilizá-lo, pois como um página em branco, as pessoas são convidadas a interagir e encontrar novas formas de ocupá-lo. Ao estabelecer uma estrutura incompleta, criamos um edifício que se estabelece como ponto focal para onde convergem todos os demais espaços e atividades da pequena vila rural de Nagaoka.

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