Carol Wenke e Luiz Felipe Feltrim, da CW Arquitetura e Interiores, assinam o projeto desta casa em Cascais, onde o Brasil encontra Portugal, num modo de slow living.
Projeto: CW Arquitetura e Interiores / Fotografias: Gui Morelli
Ao trocar o ritmo vibrante do Leblon, no Rio de Janeiro, pela tranquilidade costeira de Cascais, em Portugal, uma cliente brasileira procurava, acima de tudo, encontrar uma nova maneira de viver. E foi justamente essa transição que guiou o projeto da CW Arquitetura & Interiores, assinado pelos arquitetos Carol Wenke e Luiz Felipe Feltrim, que transformaram uma residência de 250 m² numa casa profundamente relacionada com o tempo, com a natureza e com a essência da sua moradora.



“Este projeto começou antes da escolha da casa”, relembra Carol. “Participámos nas visitas a diversos imóveis, atentos à luz natural, à planta e à relação com a envolvente. A ideia era encontrar não apenas um espaço funcional, mas um lugar capaz de acolher uma nova fase da vida, com afeto e autenticidade.”


A cliente, uma mulher sensível, colecionadora de arte e apaixonada pelo design nacional, mudou-se com a filha adolescente em busca de mais qualidade de vida. A casa, localizada numa rua tranquila de Cascais, passou por uma reinterpretação completa dos interiores — sem grandes intervenções estruturais, mas com transformações profundas no modo de habitar.




A proposta dos arquitetos teve como eixo a integração dos ambientes, o uso generoso da marcenaria personalizada e uma curadoria afetiva de peças autorais. Na área exterior, a piscina e o lounge convidam à contemplação, envoltos por um paisagismo sutil que reforça o clima de refúgio.




Já a sala de estar, coração da casa, reflete a alma da moradora. Ali, obras e mobiliário assinado encontram-se com equilíbrio e calor. Destaques como as cadeiras Renata e o banco Mocho, de Sergio Rodrigues, a escultura de ferro de Marcelo Stefanovicz, a mesa de centro Teca, de Jader Almeida, e o sofá Ninho, da Atemporal, ganham vida sobre um tapete sob medida da Santos Monteiro. “A cliente tem um olhar muito apurado e valoriza peças que contam histórias”, explica a arquiteta.


Na sala de jantar, a mesa desenhada exclusivamente para o projeto harmoniza-se com as cadeiras Lúcio Costa, também de Rodrigues, sob os pendentes da Nordlux. A cozinha, totalmente integrada, exibe marcenaria clara e bancadas generosas, onde se destacam as banquetas Anita, de Aristeu Pires — um espaço prático e acolhedor, perfeito para os momentos do dia a dia.




O lavabo é um capítulo à parte: pequeno em área, mas grande em significado. Com paredes em tom cereja e quadros com objetos trazidos do Butão, o ambiente traduz a sensibilidade da cliente. “Foi uma escolha muito pessoal. Queríamos um espaço com alma, quase poético”, diz Carol.





O quarto da filha reflete juventude e personalidade: a cabeceira azul contrasta com a marcenaria sob medida e as fotografias de Humberto Badinni. Na casa de banho, revestimentos em verde e carvalho francês garantem frescor e sofisticação.


A suíte principal é sinónimo de conforto e tranquilidade, com tons neutros, iluminação natural e mobiliário acolhedor. Um espaço multifuncional atua como escritório e quarto de hóspedes, com mobiliário feito por medida e um sofá-cama.

Até mesmo a lavanderia mantém o padrão estético leve e funcional, numa continuidade fluida entre forma e função. No andar inferior, existe ainda uma sala de TV que foi pensada para momentos descontraídos.




Para os arquitetos, cada detalhe do projeto carrega uma intenção: “Do layout às obras nas paredes, tudo foi pensado para criar uma atmosfera de pertença. Muitas peças vieram do Brasil, mantendo viva a memória afetiva e construindo uma ponte entre o passado e o presente”, resume Luiz Felipe Feltrim.