Por a 30 Maio 2023

Neste apartamento de 120 m2, móveis e objetos de época convivem alegremente com referências a um estilo industrial, mostrando que a mistura de estilos não só é possível como é apetecível.

Projeto: Pílula Arquitetura / Fotografia: Luiza Scheier

Anette, artista plástica, e o seu marido José, investidor, compraram este apartamento de 120 m2 para puderem passar bons momentos em família – com os filhos e netos. O apartamento precisava de uma remodelação e o casal foi ao encontro do escritório Pílula Arquitetura para que fizessem uma transformação total nos ambientes, uma vez que estavam bastante desactualizados.

Anette e José queriam alterar também a disposição das divisões, integrar a sala com a cozinha, criar um terceiro quarto e ampliar a casa-de-banho. A esta empreitada juntava-se também um projeto de iluminação e design de interiores.

O apartamento já havia passado por alterações com o anterior proprietário – que para ampliar a sala tinha eliminado um dos três quartos originais, deixando visível um pilar que fica perto da cozinha.

Este detalhe, que poderia ter sido visto como uma dificuldade, foi encarado como uma possibilidade criativa e em vez de criarem uma mesa de jantar tradicional, os arquitetos projectaram em torno do pilar uma mesa de design orgânico, em mármore cinzento, que encosta à bancada da cozinha, executada no mesmo material.

“Como os clientes não queriam abdicar de ter uma sala espaçosa, mas precisavam de um terceiro quarto para receberem filhos e netos, transformámos o antigo quarto de serviço”, explica Maria Clara, do Pílula Arquitetura. Na área do apartamento reservada aos quartos, antes com duas suítes – uma com closet -, os arquitetos aumentaram o espaço da casa-de-banho em direção ao closet para transformá-lo num espaço de banho que agora serve o terceiro (e pequeno) quarto.

Segundo os arquitetos, o projeto partiu do desafio de encontrar um equilíbrio entre a arquitetura do edifício erguido na década de 70 e o vasto acervo de móveis vintage e clássicos de época dos clientes, com destaque para os sofás Maralunga (desenhados por Vico Magistretti para a italiana Cassina, em 1974), o lustre de cristais antigo, o par de poltronas estilo Luís XV e a mesa de centro dos anos 50, de Giuseppe Scapinelli.

Na decoração destacam ainda as cortinas da sala, feitas num tecido de veludo na cor do vinho, por sugestão de uma das filhas do cliente. “Gostámos muito da ideia, achamos que trouxe glamour ao ambiente, emoldurou a vista e ajudou na acústica, reforçada pelas janelas novas, de PVC”, avalia Richard, também do gabinete Pílula Arquitetura.

Na procura do tal equilíbrio com o mobiliário vintage, os arquitetos optaram por soluções de arquitetura de interiores que remetem para um estilo industrial, deixando aparentes tanto os pilares e as vigas de betão, como as condutas de aço galvanizado por onde passam a nova rede elétrica e os pontos de iluminação.

No fim, o projeto ganhou personalidade e identidade, tornando-se único. As opções mostraram que é possível e até apetecível integrar vários estilos e que as fronteiras entre o que está certo e errado são muito ténues.

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