Por a 17 Janeiro 2023

O sucesso da intervenção cenográfica da paisagista Anna Luiza Rothier no apartamento da designer de moda Isabela Capeto, para a gravação de um vídeo, foi determinante, também ele, para o sucesso da decoração da casa.

Fotografia: Juliano Colodeti, MCA Estúdio / Texto: Isabel Pilar Figueiredo

Moda e plantas fundem-se nesta casa, numa harmonia que grita otimismo e amor pela Natureza, pela Moda e pela Arte no geral. A estilista carioca Isabela Capeto, formada em Itália e conhecida pela forma como combina o artesanal, a cor e a valorização do produto brasileiro, tem uma personalidade única. As suas peças são como obras de arte: feitas à mão, e sempre com bordados e aplicações que tornam cada roupa exclusiva.

Em 2020, e impulsionada pela pandemia, usou o próprio apartamento de 232m2, localizado num elegante edifício dos anos 50 na Avenida Ruy Barbosa, no Rio de Janeiro, como cenário para gravar um vídeo de apresentação da sua nova coleção ‘Brotar’, dirigido por Caio Blat e Luisa Arraes – peça exibida no dia 4 de novembro do ano passado, na abertura da SPFW (São Paulo Fashion Week). Para quem não teve oportunidade de ver este trabalho, o elenco principal é formado por um grupo de dança que evolui pelos vários espaços da casa, exibindo (além de máscaras, claro!) vestidos típicos da autora, com muitos detalhes artesanais, entre eles bordados, estampados coloridos e geométricas, folhos e debruns.

Mas o que pouca gente sabe é que, alguns dias antes da filmagem, Isabela Capeto pediu ajuda à paisagista Anna Luiza Rothier, sua tia, para ali encenar o seu pequeno “arsenal verde”, e assim garantir que as imagens do vídeo ficassem ainda mais impactantes e envolventes.

“A Isabela já tinha muitas plantas em casa, mas não era nada exagerado como acabou por ficar, intencionalmente, já que a minha intervenção tinha fins cenográficos”, explica Rothier. “E como ela gostou tanto do resultado, após a gravação contactou-me, empolgada, a dizer que queria manter aquele clima ‘urban jungle’ dentro de casa”, prossegue.

No dia seguinte, a paisagista voltou ao apartamento com uma carrinha carregada de plantas cultivadas no seu horto Penta, em Jacarepaguá, e desta vez munida de apenas espécies que sobrevivem bem à sombra. Após algumas trocas, as plantas que precisavam de mais luz natural foram concentradas nas varanda da sala e do quarto e as de sombra foram redistribuídas pela casa, incorporando-se na decoração existente, assinado pelo escritório Ouriço Arquitetura, em 2016, quando a estilista se mudou para este apartamento com a filha Francisca.

A varanda fechada da zona de estar é, sem dúvida, o ponto alto do trabalho promovido pela paisagista, com plantas das espécies Asparagus, Syngonium, Ficus, Leea e Spathiphyllum (Lírio-da-paz) distribuídas no alto de toda aquela grande janela, que tem uma vista sem fronteiras para o Pão-de-Açúçar, ‘landmark’ do Rio de Janeiro. “É um quadro vivo de grande impacto visual, que arranca suspiros de qualquer um. Repare como as plantas que inseri no espaço se confundem com as copas das árvores do Parque do Flamengo”, avalia Rothier.

Outro ambiente que chama a atenção é a biblioteca do apartamento, recheada de livros de arte, moda e literatura, que agora contam com a companhia de Syngoniuns e Filodendros, estrategicamente posicionados na prateleira superior para formar uma cascata verde que tende a avolumar-se com o tempo.


Em matéria de verde, nem a cozinha foi poupada: aberta para a sala, este espaço colorido foi invadido por Samambaias, Dracenas, Syngoniuns e Jiboias, que se enfileiram no alto dos armários.

Voltado para uma pedreira (o Morro da Viúva), o quarto da designer de moda também recebeu um banho de “verde”, em particular a varanda, que foi completamente tomada por Vriesias, Neomaricas, Pleomelles e Dracenas. “A casa-de-banho social nem precisava de plantas porque as paredes revestidas com tecido estampado de folhas de Costela-de-Adão já fazem lembrar uma selva urbana. Mesmo assim, não resisti e salpiquei algumas Dracenas em vasos de bambu”, brinca a paisagista.

A traça da arquitetura original – com rodapés da época, aplicações de gesso no teto e o pavimento de parquet -, funde-se com a paleta de cores quente e com a vivacidade dos padrões que tão bem caracterizam o trabalho da estilista brasileira. E é deste intercâmbio que a casa vive, e respira.

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