Por a 13 Fevereiro 2019

Projeto do Atelier Holcnerova, este espaço multi-usos de apenas 60 metros quadrados, em Lisboa, foi alvo de uma transformação notável.

FOTOGRAFIA JOSÉ MANUEL FERRÃO / TEXTO ISABEL FIGUEIREDO

Lenka Holcnerova, arquiteta principal do atelier, juntamente com Javier Gallego Llorente e Oldrich Rujbr, aproveitaram o melhor do espaço – integrado num edifício construído no final do século XIX, em Lisboa –, que ao longo dos anos teve vários usos e serviu como frutaria, tasca portuguesas e restaurante japonês… tanto quanto foi possível apurar.Com entrada independente pela Rua Praia de Pedrouços, aqueles 60 metros quadrados exigiam uma boa dose de dedicação.“A informação mais antiga que encontrámos no Arquivo Municipal de Lisboa é que o espaço serviu como loja de frutas, e da memória dos vizinhos conseguimos ainda apurar outros usos”, lembra a arquiteta.No ano 2011, quando Lenka Holcnerova, fundadora do Atelier Holcnerova, adquiriu aquele espaço, afiguraram-se de imediato novas valências e uma casa a redescobrir. “Ainda me lembro do primeiro dia em que vi o espaço e as duas razões pelas quais me apaixonei por ele: o belo arco de pedra e os tetos altos, que lhe atribuem a sensação de generosidade e sentido de verticalidade, mesmo numa área reduzida.”

O objetivo foi, desde a primeira vez – em vez de designação rigorosa – expor a pureza do lugar e preservar a sua possível multifuncionalidade, realçar a beleza natural do seu arco de pedra e aumentar a versatilidade escavando cerca de um quarto do seu piso para inclui um mezanino sobre a parte escavada.Da reorganização e reconstrução do espaço fizeram parte, assim, a demolição de partições e o teto falso, a reabertura dos nichos de duas janelas originais, que entretanto desapareceram quando o prédio ao lado foi erguido, escavar parte do chão, incluir um elemento escultural – a lareira – como uma divisão entre os espaços públicos e privados, que abrigam o mezanino entretanto construído.

As duas janelas antigas são beneficiadas pela luz indireta, o que cria ordem e ritmo com a última janela, na parte traseira, voltada para o pátio. A lareira está ligada à chaminé do edifício por um tubo no mezanino.As novas vigas foram deixadas expostas e pintadas, semi-transparentes, de modo a que a cor da madeira nova não compita com a pedra, que já por si exibe umas 1000 cores.O espaço foi repensado e projetado para ganhar nova vida e desde a sua reconstrução tem vindo a ser utilizado como zona aberta multiusos: atelier de arquitetura, galeria de arte e tão só como espaço a viver.

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