Por a 9 Fevereiro 2024

Mariana Lourenço

Com a paixão pela arte de transformar espaços e dedicação à singularidade de cada cliente, Mariana Lourenço fundou seu estúdio de interiores, trazendo consigo uma bagagem rica marcada pelo encanto das artes, artesanatos, sensações e texturas.

Especialista em revestimentos, lighting design e biofilia, Mariana busca aliar sua experiência a uma visão holística do design de interiores.

Em seu estúdio, a filosofia é esculpida pela convicção de que o design de interiores é uma jornada especial, uma interpretação sensível dos desejos e necessidades de cada cliente. Cada projeto possui uma narrativa visual que conta a história daqueles que o chamam de lar.

“No nosso estúdio, buscamos proporcionar aos nossos clientes uma experiência completa, onde cada projeto é uma oportunidade de criar ambientes personalizados. Cada detalhe é meticulosamente planejado para harmonizar com a identidade de seus habitantes, transformando simples espaços em verdadeiros refúgios de autenticidade e conforto.”

Rua Dr. Alfredo Da Costa, Miraflores, 1495-237 Lisboa | +351 938 593 618 | [email protected] | www.marianalourencointeriores.pt | Instagram | Facebook

Apartamento Bairro Alto

Ao depararmos com a oportunidade de transformar este encantador apartamento pombalino, imediatamente sentimos a responsabilidade de dar vida a mais uma história dentro de suas paredes. Este projeto, sem dúvida, tornou-se a realização de um sonho ao mergulhar na rica história deste espaço.

Os desejos expressos pela cliente eram claros: uma decoração simples, toques de cor pontuais, boa circulação e paredes claras para proporcionar o devido destaque às suas obras de arte.

A madeira, elemento marcante, guia nossas escolhas neste projeto, sendo ressaltada não apenas pela iluminação indireta, mas também pela escolha de linhas de design simples e pela predominância do branco nas paredes, realçando esses detalhes com maestria. Na sala de estar, desenhamos prateleiras brancas em serralheria, criando espaço para decoração e integrando harmoniosamente a televisão. Com pouca profundidade, essas prateleiras não apenas atendem às necessidades estéticas, mas também preservam a circulação desse espaço. O destaque fica por conta do grande tapete azul, pintado à mão e trazido diretamente da Tailândia. A sala de jantar, aproveitando um espaço com altura limitada, recebeu um móvel multifuncional que se converteu em um armário de arrumação e escritório. O escritório ficou na parte mais alta, assegurando tanto a segurança quanto a ergonomia necessária. Para conferir personalidade à sala de jantar, optamos por cadeiras antigas, cada uma com seu charme singular.

No quarto principal, a escolha de cores complementares se destaca: a cama em azul petróleo, exclusivamente desenhada para este projeto, e a pintura orgânica em terracota. As prateleiras, estrategicamente posicionadas para otimizar o uso do espaço e suavizar as irregularidades das paredes, fazem a ligação com as madeiras do teto e ajudam a aquecer e trazer aconchego ao quarto.

Localizado no vibrante Bairro Alto, em Lisboa, onde a vida diurna e noturna são igualmente ativas, este apartamento pombalino é mais do que uma residência; é a prova viva da fusão entre história e contemporaneidade, refletindo a elegância intrínseca do local.

Refúgio na Margem Sul do Tejo

Em um equilíbrio perfeito entre simplicidade, sustentabilidade e um projeto paisagístico harmonioso, nasce um pequeno refúgio na margem sul do Tejo.

Neste projeto singular, nossa inspiração veio laços dos clientes com o Alentejo, a busca pela sustentabilidade e um prático projeto paisagístico. A área gourmet, cuidadosamente implantada nos fundos da residência principal, é muito mais que um espaço de lazer. Foi desenhada para também acolher hóspedes, mas respeitando a privacidade e sem perturbar a rotina familiar.

Todo o espaço recebeu grandes portas de vidro. Isto permite integrar, totalmente, o exterior com o interior, ou simplesmente fechá-lo, nos dias mais frios, e aproveitar o aconchego da lareira a saborear um bom vinho.

Na cozinha, ampla e bem equipada, a marcenaria recebeu um tom de azul profundo, uma inspiração no azul do Alentejo. O backsplash do balcão, revestido em azulejos Terracota, evoca as tonalidades das terras também desta região.  Móveis superiores em carvalho natural e candeeiros de palha sobre uma grande mesa de refeições criam uma atmosfera autêntica. Armários escondem segredos práticos, como o rodapé que abriga esfregonas e tábua de passar.

Externamente, uma parede em cobogós demarca elegantemente a área gourmet, sem sobrecarregar visualmente o espaço. A piscina, desenhada em forma de L, foge do papel de protagonista, permitindo uma área livre mais extensa. Agapanthus e seixos fazem sua bordadura, suavizando a transição entre o construído e o natural. Sob a sombra de uma antiga Nespereira, carregada de valor afetivo, criamos uma zona de convívio. Poltronas e mesa de apoio compõem um ambiente acolhedor. Uma pequena horta em floreiras recicladas e a moldura de pallets para eras e bromélias acrescentam um toque de serenidade.

A noite cai, e a iluminação exterior, completamente solar, transforma o espaço num cenário ainda mais acolhedor.

Design Afetivo com Vista para a Serenidade

Sem dúvida, a sala de estar é o palco da vida familiar e um dos espaços da casa onde passamos mais tempo: a socializar, a descansar, a ver televisão, a trabalhar ou a brincar com os miúdos. É, por isso, um ambiente que deve ser desenhado considerando o uso que terá e de forma a refletir a estética de quem o utiliza. Esta grande sala, de uma residência localizada no Estoril, desfruta de muita luz natural e tinha muito potencial para ser transformada num ambiente aconchegante e de reunião da família.

A cliente referiu alguns objetos com valor emocional que estavam, já há muito tempo, na garagem. Percebemos, imediatamente, que, pela emoção que despertavam, esses objetos deviam ser integrados no projeto da sala de estar da família. Uma dessas peças de valor emocional era o rádio do avô, que, com o seu ar retro, surge como uma fantástica peça de decoração, imbuída em boas recordações.

Do avô, o rádio que fazia parte da infância. Da mãe, a máquina de costura Singer que acumulava pó na garagem, mas que agora tem o seu próprio espaço na sala de estar, divisão que, idealmente, deve ser uma amálgama entre a funcionalidade e o conforto da decoração e as peças que nos são mais queridas e que evocam qualquer tipo de memória ou sentimento.

Um dos principais pontos de destaque é a parede da lareira, que já estava revestida com vidro preto, elemento que foi suavizado com o papel de parede que cobre a parede lateral, ao pé da lareira, e a parede da televisão. O preto tem uma presença impactante e contrastante – que dá vigor ao projeto – e as madeiras e tecidos claros fazem o ponto de equilíbrio.

Os cortinados, os estofos e os tapetes foram pensados para trazer conforto acústico ao ambiente. Os tapetes unem os diferentes grupos de móveis, e as cortinas translúcidas filtram delicadamente a luz, enquanto asseguram a privacidade deste espaço familiar. Vale ainda mencionar o candeeiro de teto, uma peça de design polaco e com uma presença que se impõe neste espaço e consegue marcar uma afirmação. Por trás do grande sofá de design italiano, vemos a consola desenhada pelo atelier: uma estrutura metálica e em mármore branco de Estremoz. Sob ela, um baú rústico faz o contraponto às linhas limpas da consola. “Uma sala com dualidades”.

Nesta zona, optou-se ainda por criar um espaço para os mais velhos terem os seus momentos um pouco mais sossegados e de onde podem observar e desfrutar das brincadeiras dos netos. O sofá Chesterfield escolhido para este espaço é um modelo icónico que continua a ser apreciado pelas novas gerações e que sobressai ainda mais sob o pano de fundo moderno da sala.

Este projeto exemplifica como misturar estilos e criar um espaço equilibrado, harmonioso e leve: nem demasiado pesado, só com coisas do passado; nem inteiramente moderno, estéril de ideias e alma, é possível.

APARTAMENTO DO SONHOS EM CASCAIS – SIMPLICIDADE, SOFISTICAÇÃO E MUITA LUZ NATURAL

Um apartamento da década de 60, no coração de Cascais, pertencente a um casal apaixonado por arte que, entre vários desejos, tinha um pedido especial: que as obras de arte assumissem um papel de destaque.

Este T3, que foi transformado em um T2, possui ambientes em que o conceito biofílico está muito presente e um projeto baseado em dois estilos: japandi e minimalista. Nos espaços, a simplicidade e as linhas límpidas encontram-se com a sofisticação, compondo uma atmosfera aconchegante, onde as obras de arte vestem e dão cor às paredes sem nunca assoberbarem ou subtraírem intimismo à casa. A arte e a vida, um continuum de ligações e de transformações. Para tirar o máximo de partido da imensa luz natural de que o apartamento dispõe, optou-se por fazer uma enorme demolição, criando um entendimento do espaço que, além de potencializar o aproveitamento das áreas, garante uma permeabilidade visual ideal para o convívio no núcleo social da casa. A alteração propiciou, ainda, a criação de uma nova casa de banho para o quarto principal, um closet e um escritório. O projecto de iluminação – fundamental para a beleza, o conforto e a funcionalidade de qualquer casa – foi bem estudado de forma a possibilitar diversos cenários com o cair da noite e conta com alguns pontos para destacar os quadros.

O estilo da decoração, que concilia a madeira e o branco, pisca o olho à proximidade do mar, mas não de forma demasiado literal. O espaço está pejado de peças de design como, por exemplo, as poltronas Winding desenhadas por Maurício Bomfim, que fecham o conjunto de móveis da sala, emprestando-lhe coesão e recato. Nota, ainda, para as estantes integradas na parede, também elas devidamente iluminadas. A luz das estantes tem um papel decorativo, podendo ser usada para, à noite, se criar um ambiente mais relaxante e repousante.

A zona para refeições surge ao lado da sala de estar com uma mesa comprida acompanhada por cadeiras de madeira clara, quadros e outros elementos decorativos que criam um conjunto dinâmico e ecléctico.

Na cozinha, o branco, que multiplica a sensação de iluminação e de espaço, foi conjugado com armários de madeira de tons mais escuros, e superfícies em pedra sintética, num diálogo que nos lembra a intemporal estética mid-century, um estilo que está, neste momento, entre as tendências mais populares. Ao centro, a ilha, que, além de servir para a preparação dos alimentos, também aparece como superfície adicional para se fazerem as refeições rápidas do dia-a-dia. As ilhas de cozinha são verdadeiras âncoras familiares numa casa, apelando a momentos de reunião e convívio.

Os quartos são simples, mas cada detalhe foi pensado para acolher. As camas, com inúmeras almofadas fofas e várias camadas de têxteis, são a imagem do conforto. Os tons cremosos e o cinza-claro são cores versáteis e modernas. No quarto, a iluminação quente transmite tranquilidade. O closet oferece um generoso espaço de arrumação bastante compartimentado para que todas as roupas, calçado e acessórios tenham o seu devido lugar. A ausência de portas permite que se alcance tudo facilmente. As casas de banho do apartamento que, como não podia deixar de ser, seguem as linhas modernas do resto da habitação. Tanto numa como noutra, a madeira, com uma presença quente e suave, vem contrapor os materiais utilizados nos revestimentos.

“LA DOLCE VITA” NUM LOFT DE ESTILO TOSCANO

Quando pensamos em um loft, visualizamos um design inspirado no estilo industrial, que se caracteriza pela simplicidade e a austeridade dos materiais e das formas. Mas este contraria essa tendência.

Pensado para trazer o toque toscano a que os clientes almejavam, o projeto deste loft consistiu na utilização de muitos elementos naturais como, por exemplo, pedras, palha, plantas e madeiras. O conceito biofílico esteve presente em todo o processo de criação e o resultado não podia ser outro.

O loft irradia aconchego, funcionalidade e sustentabilidade. Dos revestimentos aos objetos de decoração, tudo foi pensado de acordo com o briefing. Por se tratar de um loft, procurou-se integrar todos os ambientes de forma suave.

Ainda que os ambientes sigam uma lógica de open space, foram planeados de forma que, visualmente, se perceba onde começa e acaba cada espaço. A disposição dos móveis, o posicionamento da iluminação e elementos de tapeçaria são fundamentais para o efeito.

É inigualável a sensação de amplitude proporcionada pelo pé direito alto do loft. Para além dos benefícios funcionais – a luminosidade e a atmosfera arejada – este teto surge como o cenário ideal para uma decoração de alto impacto.

Ambientes com esta amplitude podem, no entanto, transmitir alguma frieza. Aqui evitou-se essa frieza de forma exímia, através da incorporação de têxteis confortáveis, da presença expressiva das madeiras e da combinação entre a rusticidade da pedra e a sofisticação do vidro além das cores quentes nos apontamentos. Na cozinha, a frente dos móveis em palhinha evoca um charme rústico e uma sensação de calidez. A textura da palhinha, um material natural e flexível, propicia uma textura única à cozinha, emprestando-lhe um toque de elegância campestre que vai beber ao espírito da decoração toscana e às cozinhas que naquele país encontramos – espaços que convidam à culinária, à reunião familiar e à criação de momentos memoráveis em torno da mesa. A rematar a palhinha, está o azul-claro, como cor dominante, a criar uma atmosfera fresca, leve e acolhedora.

A península concentra a função de arrumação e de preparação dos alimentos e aparece acoplada por um volume em madeira, mais alto, onde os moradores podem fazer as refeições rápidas e informais do dia-a-dia. Foi desenhado também armários que escondem a zona da lavandaria e uma grande despensa por detrás das portas: uma solução prática e discreta para espaços multifuncionais. Quando as portas estão fechadas, o armário fica totalmente integrado na decoração, mantendo, assim, a estética geral do espaço.

No quarto, evidencia-se o contraste entre a calidez da madeira que percorre o teto e a  inesperada – parede de boiserie. Por seu lado, o envidraçado traz-lhe modernidade e permite que a luz natural entre em generosos fluxos e que a casa se ligue ao entorno. O roupeiro com portas de vidro reúne estilo e funcionalidade.

Para a casa de banho principal (ensuite), optou-se por um divertido revestimento de azulejos hexagonais num bonito tom de azul acinzentado que contrapõe a madeira cor de mel do móvel de lavatório, num equilíbrio cromático perfeito. O duche envidraçado gera uma cativante sensação de espaço e uma experiência de banho que parece abrir o ambiente, tornando-o visualmente mais amplo e arejado (o que também promove uma atmosfera apelativa e relaxante). A casa de banho social é uma declaração do estilo ousado, com paredes revestidas em porcelânico ripado, prateleiras amadeiradas e louças em preto, oferecendo ao espaço vigor e uma elegância moderna.

Esta casa de banho é um exemplo de como combinar materiais e cores pode transformar um espaço funcional num reduto de estilo e personalidade.

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