Por a 2 Dezembro 2020

Em Touro, Viseu, o coletivo COVO Interiores, de José Morgado e Mário Morgado, é alvo de uma Menção Honrosa no âmbito do prémio internacional LOOP design Awards.

Projeto: Covo Interiores / Fotografia: João Morgado / segundo a memória descritiva dos arquitetos

A casa, construída na década de 1940, quando o Avô Martinho regressou do Brasil, recebeu uma nova família. O novo proprietário é um decorador que regressa da cidade à sua pequena aldeia, Touro, situada no interior de Portugal. Localizada a 800 metros de altitude, a vila tem mil moradores. Na aldeia, num pequeno beco, encontra-se a casa do Avô Martinho, dois edifícios contíguos com um anexo, construído em pedra.

O rio, o Covo, o lugar e a noção de pertença são melhor compreendidos na casa do Avô, a primeira obra do coletivo COVO, agora agraciada com a Menção Honrosa pelos LOOP Design Awards. “

A Casa do Avô Martinho representa tudo em que acreditamos, a vida, a individualidade dentro da aldeia, o granito que sustenta a proteção.


Foi, de igual modo, um desafio unir as várias artes, os muitos saberes, unir obras, realizar harmonias. Pedreiro, carpinteiro e canalizador. Construtor, pintor e eletricista.

Tudo orquestrado segundo a batuta do design de interiores, tarefas distintas, reunidas no mesmo objetivo, que possibilitam uma vida confortável para dois adultos e duas crianças.

A casa do avô Martinho foi recuperada respeitando o local, a traça e os materiais. Dois pisos de granito, com janelas que dão para a rua e para a serra, dois quartos que adivinham o futuro, as galinhas que correm pelos pátios. Uma casa cheia de memórias e curiosidades, cheia de futuro e modernidade.

O bloco principal, a casa onde morava o avô, acolhe o espaço habitacional, dividido por dois pisos, com 55m2 cada. O rés-do-chão, outrora local dos animais, deu lugar à sala e cozinha, divididas por uma caixa central de carvalho, que alberga a escada e as instalações sanitárias.


O piso superior dá lugar a 2 quartos com as respectivas instalações sanitárias.

O edifício contíguo onde o avô guardava os cereais e a pipa de vinho é transformado num pequeno atelier, permitindo ao proprietário, designer, desenvolver os seus trabalhos.


O exterior foi preservado ao máximo, respeitando a origem e a memória e o entorno. As grossas paredes de pedra são preenchidas nos vãos por finas caixas de cor branca, revelando o interior e conferindo a leveza e o equilíbrio deste monte de pedras empilhadas.


A grade da varanda de ferro forjado foi restaurada. A moldura do telhado foi restaurada aproveitando a estrutura original em madeira de castanho; a telha Marselha foi substituída.

No interior, cores claras e linguagem minimalista contribuem para maximizar os limites construídos e desobstruir visualmente o espaço, que já se encontra bastante reduzido.


A decoração de cores neutras com notas de cor musgo, remete para a natureza envolvente, integrando a noção de pertença e valores em que acreditamos.


Ao lado, um anexo alberga a garagem e as áreas técnicas. Que já é uma junção de vários clones, pequenas construções, que guardavam feno para os animais comerem.


Onde se pretendeu preservar a essência histórica foi neste volume anexo, reconstruído com intervenção contemporânea, que se juntou ao edifício, sob a forma de cobertura invertida que dá lugar a um terraço sobranceiro à serra da Nave. O detalhe do rasgo iluminado, que separa a alvenaria de pedra da tampa plana, dá-lhe o toque moderno, surpreendendo o visual.


Mantivemos o aspeto tradicional, inspirado nas gerações anteriores, conjugando o conforto da vida moderna, renovando o espaço, guardando a memória. Tornando o espaço funcional, a casa mantém o seu caráter original, com novas soluções, em princípios antigos.

Chão em cimento, paredes largas, granito e acima de tudo muita luz. Uma casa voltada para a rua, estruturada pela importância da aldeia, integrada nas casas circundantes, observando e convivendo com este lugar, a simplicidade, profundamente articulada com o espaço, as ruas e o conjunto edificado. Tudo inserido, harmoniosamente, na geografia do local.

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