Por a 5 Março 2020

Lançou a sua marca de iluminação, com o mesmo nome, em 2007, e esta foi vista pela primeira vez na feira de Paris Maison& Objet. Decorridos quase 13 anos, regressa ao certame como Designer do Ano.

Fotografia: Ben Anders / Texto IF

Michael Anastassiades tem vindo a revelar-se um dos designers de iluminação mais poéticos e criativos da atualidade. O designer, originário do Chipre, usa formas e volumes simples – uma esfera, uma linha, um círculo – para criar uma linguagem rica, tendo por base a incerteza e o desequilíbrio. A simplicidade ilusória de seus desenhos é um trabalho de amor, de profunda dedicação. Como ele próprio diz, “os designers existem para criar relacionamentos e interações entre pessoas e objetos“.

Flos

Depois da experiência como engenheiro civil e do mestrado em design industrial pela Royal College of Art, Anastassiades fundou o seu estúdio em Londres em 1994 e a sua marca homónima em 2007. Embora mais conhecido pelos projetos de iluminação, o cipriota desenhou, com o mesmo rigor e clareza, mobiliário para a B&B Italia, Herman Miller, Cassina; copos para a Lobmeyr, colunas de som para a Bang & Olufsen. O seu trabalho pode ser encontrado em coleções permanentes no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, no Instituto de Arte de Chicago, no Victoria & Albert Museum, em Londres, no MAK de Viena, ou no Centro FRAC ,em Orleans, França.

Herman Miller Double Dream of Spring Exhibition / foto Ben Anders

Anastassiades acredita que para projetar um candeeiro é preciso primeiro abraçar a escuridão – ele não vê necessidade em transformar a noite em dia. As luminárias são, para ele, uma fonte de calor e o que mais o fascina é o brilho. Ao projetar um candeeiro, o designer leva em consideração que a peça, em regra, está apagada 80% do tempo, portanto dedica-se a descobrir a relevância do objeto quando desligado. Na sua visão, um candeeiro nunca é uma peça isolada; o objeto precisa de interagir com o seu ambiente.

Half Way Round, Dansk Mobelkunst / foto Dansk Mobelkunst

Anastassiades foi atraído pela poesia da iluminação desde sempre, mas consciente de que nenhuma empresa o contrataria até que ele o fizesse seu nome decidiu conduzir sozinho a produção dos seus projetos. Ao criar uma marca própria, conseguiu testar os limites e o design sem compromissos. Quando começou a colaborar com a Flos, já havia adquirido muita experiência e estava pronto para novos desafios. Tinha uma liberdade inesperada para inventar e podia contar com o know-how da empresa para experimentar soluções técnicas que até aquele momento não haviam estado disponíveis.  

Foto: Francesco Nazardo

A procura quase obsessiva de Michael Anastassiades pela essência de um objeto conduziu-o a uma simplicidade enganosa: é preciso muita dedicação e trabalho para fazer algo parecer simples. A simplicidade estimula a curiosidade, e a curiosidade leva à participação e interação, uma característica constante de todos os projetos de Anastassiades. Um exemplo perfeito é o bebedouro feito para o Victoria & Albert Museum .

Half Moon Mirror / foto Michael Anastassiades

Para Michael Anastassiades, a sustentabilidade é uma ideia perversa. O designer acredita firmemente que devemos rodear-nos de objetos que durarão muito tempo, para que o design não seja míope. O seu desejo é projetar a longo prazo e o que é facto é que os seus objetos têm uma qualidade atemporal.

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