Por a 15 Abril 2019

O Torel 1884 – Suites & Apartments, no Porto, convida-nos a descrever uma viagem por paisagens tórridas, luxuriantes, serenas, de África, Ásia à América do Sul, numa homenagem ao conforto, ao prazer de viver, à cor e ao detalhe. Projeto de arquitetura assinado por Miguel Nogueira e design de interiores a cargo da Nano Design. Encantador e surpreendente.

FOTOGRAFIA: LUÍS FERRAZ

Abriu portas em 2019 – 15 de fevereiro – no Porto, e é a nova marca do grupo Torel Boutiques. O edifício onde está situado este novo equipamento foi o primeiro que os sócios do Grupo visitaram quando pensaram em expandir a sua atividade para aquela cidade. A abertura deste novo alojamento de luxo marca a segunda inauguração do Grupo hoteleiro no Porto, depois da abertura, em setembro 2017, do Torel Avantgarde, agraciado em 2018 com os prémios Villégiature e o World Luxury Hotel Awards.Localizado no centro da Invicta, a dois passos dos Aliados e da Ribeira, o Torel 1884 é composto por dois edifícios: o belíssimo palacete do século XIX na Rua Mouzinho da Silveira, que acolhe o “hotel” propriamente dito – onde se encontram os 12 quartos e suítes, assim como as áreas comuns; e, a poucos metros deste, na Rua das Flores, um prédio antigo com 11 apartamentos.

O CONCEITO

A grandiosidade do palacete – com as suas magníficas janelas, as áreas amplas, os tetos altos, a escadaria e uma fabulosa claraboia a coroar o teto – só poderia pedir um grande tema: a diversidade cultural dos destinos por onde os portugueses passaram durante os Descobrimentos. As rotas marítimas e comerciais percorridas pelos navegadores portugueses e as descobertas exóticas que fizeram serviram de inspiração para o conceito do Torel 1884 – Suites & Apartments, enaltecendo a incrível riqueza dos continentes onde chegaram e de onde trouxeram influências que fazem parte da nossa herança até aos dias de hoje.

Muitos dos materiais e produtos encontrados nessas terras longínquas fazem atualmente parte do nosso dia a dia e da nossa cultura, como é o caso da pimenta ou a porcelana, do café ou da seda, entre outros. Esta viagem pelo exotismo dentro de um palacete citadino, mergulhando nas culturas de outros continentes, resulta numa atmosfera chique e elegante, num jogo entre o ousado e o subtil, o clássico e o contemporâneo.


A natureza – e as cores e materiais que esta nos dá – foram uma fonte recorrente para os interiores do Torel 1884, onde abundam os tons bege-areia, terracota, verde azeitona, azul marinho ou castanho-café, entre outros. Todos os elementos usados têm um papel essencial para dar o tom ao ambiente, desde as cores, às texturas, aos linhos, algodões ou sedas, assim como as madeiras ou palhinhas.

Tudo foi criteriosamente escolhido e a interpretação de cada tema é sempre feita com requinte, e nem sempre da maneira mais óbvia.

A EQUIPA CRIATIVA · O DESIGN DE INTERIORES · A ARTE

A renovação do palacete manteve, na medida do possível, a estrutura e materiais originais, incluindo a pedra, parte do chão de madeira e elementos decorativos, preservando ao máximo a alma do lugar. Para concretizar essa ideia, o Torel 1884 – Suites & Apartments contou com vários parceiros do Porto.

O projeto de arquitetura é assinado por Miguel Nogueira e o de design de interiores ficou a cargo da Nano Design, ateliê igualmente responsável pelos quartos do Torel Avantgarde.
Neste projeto, a missão foi a de valorizar a beleza arquitetónica do edifício, tendo o tema da diversidade cultural dos Descobrimentos estado presente em todos os espaços. Tudo foi pensado ao pormenor, com peças de marcenaria feitas à medida, fazendo uso da sirgaria, a arte tradicional de fazer à mão as borlas e outros elementos decorativos, que no Torel dão um toque personalizado a cada quarto, e recorrendo, sempre que possível, a fornecedores e artesãos portugueses.

Os interiores contaram também com a colaboração dos artistas Jorge Curval e João Pedro Rodrigues. O primeiro é o responsável pelas pinturas de grandes dimensões que pontuam os vários espaços, numa interpretação personalizada dos temas escolhidos. A obra do segundo está patente logo à entrada. Partindo das musas d’Os Lusíadas, criou uma instalação que acolhe em si forças opostas e complementares; o imaterial e o material, o etéreo e o humano. Expostas frente a frente em duas paredes, estão, à esquerda, seis cabeças brancas que representam as deusas da natureza, a pureza e o celestial, já do lado oposto estão treze cabeças escuras que retratam o mundo material e os humanos com todas as suas fragilidades e limitações.

SUITES E APARTAMENTOS

Com o mote dos Descobrimentos, tanto as suítes como os apartamentos receberam nomes de animais, materiais, produtos ou especiarias, repetindo as origens e raízes de cada um. Atribuiu-se um continente a cada um dos três pisos e a partir daí foram definidos os nomes e os temas dos quartos.

A África invade o rés-do-chão. É ali que se encontra a recepção, o Wine Bistro Bartolomeu, as casas de banho comuns e dois quartos com pátio, “Salomão” e “Malagueta”. O primeiro é inspirado na história do elefante Salomão, o inesperado presente de casamento oferecido por D. João III a Maximiliano III, Arquiduque da Áustria. O segundo, tem o nome de uma das especiarias que os portugueses trouxeram do continente africano.

Passando à recepção e subindo a escadaria até ao 1o andar, chega-se à América e aos cinco quartos que fazem parte deste continente, que dão pelo nome de “Madeiras exóticas”, “Pássaros exóticos”, “Café”, “Cana de Açúcar” e “Tabaco”. No quarto das “Madeiras exóticas”, entra-se nas cores profundas da floresta amazónica, no dos “Pássaros exóticos” o tom é dado pelos veludos e palhinhas, mas também pela exuberância do papel de parede da casa de banho.

Os castanhos e pretos dominam o “Café”, pontuado de serapilheira; o “Cana de Açúcar” leva tons naturais e leves, enquanto que o “Tabaco” é envolto num inesperado tom de verde esmeralda, a relembrar as folhas de tabaco.O 2oº andar é um convite a uma viagem pelo encanto do continente asiático. Os cinco quartos deste piso são designados “Chá”, “Porcelanas”, “Sedas”, “Tapeçarias” e “Especiarias”, homenageando produtos que fazem parte do património oriental.
As cores da terra ou o biombo com padrão oriental dão um aroma subtilmente picante ao quarto “Especiarias”, enquanto que o “Chá” nos leva até às verdes plantações, com algodões e linhos cheios de cor e papel de parede feito de folhas de banana.Os quartos “Porcelanas”, “Sedas” e “Tapeçarias” são os que emanam mais riqueza, não fossem eles o reflexo do luxo asiático.

O sempre clássico azul e branco domina o quarto “Porcelanas”, com uma cama de dossel e um sofá antigo, veludos, latão e madeira a adornar o todo. Clássico e requintado, o “Sedas” conta com cortinas em veludo e borlas em seda, caninhas de bambu a forrar as portas do guarda-roupa e cenas da vida asiática no tecido.O quarto “Tapeçarias”, a fechar o ciclo asiático, revela um cenário elegante em tons de preto, branco, bege e alguns apontamentos de cor, com uma poltrona num tecido de padrão e uma banqueta com franjas a vestir o tema do quarto.

Com áreas generosas, os quartos e suítes variam entre 28 e 55 m2. Os que dão para a rua gozam de grandes janelas que banham o quarto de luz, os outros aproveitam a tranquilidade da localização recatada. Começando nos pátios, passando pelas camas de dossel, até às banheiras que parecem peças de arte, cada quarto é único e convida a deixar-se car.

Para tirar partido da grandeza do palacete, e sob a luz que entra pela clarabóia, há uma biblioteca / sala de estar, perfeita para uma pausa num dos confortáveis sofás. E há um delicioso detalhe a não perder: um malão de viagem à antiga transformado em “honesty bar”, para que os hóspedes se possam servir de uma bebida para acompanhar uma boa leitura ou uma boa conversa.
Os 11 apartamentos, localizados no prédio da Rua das Flores, têm 5 categorias e seguem o mesmo conceito dos quatros. Dão pelo nome de Gengibre, Açafrão, Paprika, Coentro, Mostarda, Manjericão, Cravo, Curcuma, Cardamomo, Pimenta e Canela.

PEQUENO-ALMOÇO

Exclusivo aos hóspedes dos quartos e suítes, aqui serve-se um pequeno-almoço personalizado. Como funciona? Os clientes recebem um formulário para preencherem de véspera com várias opções-base, de forma a comporem o pequeno-almoço a seu gosto.

Por exemplo, tanto podem escolher entre Panquecas ou Omolete de Clara de Ovos, como entre Muesli, Papas de aveia ou Granola, Capuccino ou Chá, Croissant ou Pão. É uma forma de ir ao encontro das preferências do cliente e de gerar menos desperdício, mas com flexibilidade. Se, de repente, tiver um desejo de Ovos Escalfados, basta pedir. E no caso de um cliente que que hospedado várias noites, pode tomar todos os dias um pequeno-almoço diferente, das 7.30 até às 11h da manhã.

BARTOLOMEU WINE BISTRO

Bartolomeu Dias, navegador português do século XV, dá o nome a este wine bistro numa homenagem aos grandes exploradores que andaram por terras e mares longínquos. Um lugar elegante e descontraído, para desfrutar de um bom vinho, boa comida e boa conversa. Tudo gira à volta do vinho, que ocupa um lugar de destaque numa carta feita de rótulos portugueses, que atravessa as regiões de Norte a Sul, com predominância de pequenos produtores. O único elemento ‘infiel’ é o Champagne. No que diz respeito à comida, e como seria de esperar, foi pensada para ser acompanhada de vinho e segue a máxima de Anthony Bourdain, segundo a qual “a boa comida é, na maior parte das vezes, quase sempre, comida simples”.

A ideia é ser um bistro com uma cozinha de base francesa feita com produtos portugueses, frescos e, sempre que possível, de produtores locais. Do menu fazem parte snacks rápidos como a Tábua de Enchidos portugueses, a Tábua de Queijos portugueses ou Paté de Campagne caseiro; pratinhos para picar como a Salada de Cogumelos, Cevada e Espinafres ou a Pissaladière, uma receita deliciosa do sul de França parecida com a pizza. E quanto às sobremesas, a Tarte de Chocolate ou o Crumble de Maçã ameaçam tornar-se os próximos clássicos do Bartolomeu.

No que diz respeito à esplanada, ali serão servidos apenas os snacks.

Sendo o vinho o protagonista, o Bartolomeu exibe uma garrafeira única, uma vez que está situada na antiga caixa-forte do banco que em tempos esteve instalado no palacete. Com o teto em arco e forrada a pedra, este é um espaço intimista, onde se levam a cabo degustações.

A SABER

Morada: Rua Mouzinho da Silveira, 228 4050-417 Porto – Portugal Reservas: Tel. (+351) 226 001 783 E-mail: [email protected] Tarifas: Quartos & Suites; Apartamentos: a partir de €120 (época baixa) até €200 (época alta) Bartolomeu, horário: Aberto todos os dias das 12h30 às 24h (cozinha e esplanada até às 23h)

www.torel1884.com

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